domingo, 16 de outubro de 2011

Se hoje fosse meu ultimo dia de vida!


Nossa vida é muito estranha. Nunca se sabe qual será aquele momento que transformará tudo pra sempre.... Mas se este fosse meu último dia, acho que queria mesmo dizer....



Que todas os caminhos que trilhei, que todas as escolhas que eu fiz, todas as  atitudes que tomei, foram de minha responsabilidade e mais ninguém. Não podia ser diferente se você tivesse feito isso ou aquilo. O caminho foi sempre meu.

Que família é uma coisa de Deus. Que eu tive muita sorte de ter nascido numa casa em que a linguagem foi sempre a do amor. Que a minha avó foi a mulher que eu mais admirei no planeta inteiro, que o meu pai sempre foi pra mim um exemplo de caráter, honestidade e hombridade, que meus irmãos me encheram mais de orgulho do que qualquer coisa na Terra, que meu avô cuidou mais de mim do que cuidaria de um filho e que minha mãe foi minha melhor amiga e que eles me amaram (e foram amados) muito mais do que consigo descrever com palavras.

Que eu amei ser professor. Que eu sei que interferi positivamente na vida de muitas pessoas. Que motivei, incentivei, ajudei a seguirem adiante. Se eu tivesse poder para ter escolhido uma profissão diferente teria escolhido a mesma do princípio até o fim. Ser professor foi a minha vida. Gostaria de ser lembrado assim.

Que me arrependo de não ter arrumado tempo para participar mais ativamente de um projeto social. Que tive vontade de fazer mais que apenas conversar, abraçar, dar atenção e ajudar sem planejamento as pessoas que vivem nas ruas. Que tive vontade de desenvolver um projeto pra confortar os idosos abandonados, que quis pensar em formas de resgatá-los como seres humanos. Que quis fazer diferença em suas vidas... Não fiz.

Que amei com meu jeito bruto e muitas vezes mal-educado e egoísta todos aqueles(as) a quem eu chamei de amigos(as) na vida. Que amei a dois homens ao mesmo tempo e intensidade como nunca amei ninguem na vida e que eles me inspiraram em instancias que talvez nunca deslumbrem em vida. Que me senti amado, amparado, apoiado. Que me senti abençoado por dividir com eles a vida neste tempo breve em que estive aqui...

Que minha vida mudou pra melhor quando voltei a acreditar em Deus. Que nunca estive sozinho, que ele sempre esteve comigo. Que me amparou e me apoiou, que esteve do meu lado... todo dia, toda hora... sempre me olhando. Por mim.

Se eu tivesse que deixar uma mensagem seria a de que fui muito feliz... muito amado... muito compreendido.... Que cada um dos nem sei quantos mil dias que eu vivi valeram muito a pena pra mim. Que agradeço muito por eles. Que não se preocupem com outra coisa a não ser em tocar a vida e fazer dela algo sublime e incrivelmente feliz....

Como eu sempre disse, vida é só esta mesmo, e é pra se ter alegria. Pra amar, amar e amar... amar muito sem medo, receio, interesse, mesquinharia ou qualquer outra coisa. Nosso tempo aqui é breve demais, é pequeno demais para desperdiçar com coisas pequenas.... No fundo é só mesmo o amor que importa. Só o amor. E eu amei... fui feliz.

Que na vida tudo é uma questão de atitude. De escolher a perspectiva mais própria pra enxergar esse mundo. Que vale a pena ser bom não importa o custo. Que vale a pena acreditar na bondade e que uma experiência ruim não pode valer de parâmetro para que percamos a fé nas pessoas. Que vale a pena acreditar nas pessoas. E em si.

Se este fosse meu último dia, acho que gostaria de dizer que o tamanho da dor que você sente depende do fardo que escolhe carregar todo dia... que a vida pode ser bonita e leve apesar dos problemas... e que boa parte deles se resolveria sozinha com uma mudança no nosso olhar, na nossa perspectiva.... Não perca tempo na vida, sentindo pena de você.... aceite as consequências das decisões que tomar, mas tome com fé, com alegria e não perca nunca a confiança em Deus.... Isso torna a vida mais leve e dá a ela sentido. Não desista, jamais.



*Texto adaptado do livro o homem ideal e outras conversas... texto original é brincando de epitafio!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pq ser feliz tem que ser pra agora!!!

"Fiquei pensando sobre a morte hoje. É estranho né? E parece estranho mesmo pensar na nossa própria eventividade efemeridade....
'Tive medo de morrer antes de aprender a viver', li isso há algumas semanas em um livro bom e isso soou como uma revelação. E se.... a gente não tiver tempo pra aquele abraço... E se.... a gente não fizer diferença alguma na vida de alguém... E se... envoltos, em mesquinharias, a gente trouxer muito mais tristeza do que amor.... ??? Tive medo. Lembrei da única epígrafe que antecede aquele livro da Lispector... "Uma vida inteira pode resultar em uma identificação tão absoluta com o não-eu que não haverá mais um eu para morrer"...
 Acho que essa sim seria a pior das tragédias.

Me emocionei outro dia quando li a história da morte da Clarice. Internada com obstrução intestinal, a caminho do hospital, ela disse: "Vamos brincar de faz-de-conta. Não estamos indo para o hospital, eu não estou doente e nós estamos indo para Paris." O motorista do táxi, sorrindo, apenas respondeu: "Posso ir junto?" "Pode levar a namorada também", ela disse. Clarice tinha um adenocarcinoma de ovário, iria morrer e sabia disso, o caso era irremediável. Em 8 de dezembro de 1977, vomitou sangue e tentou sair do quarto, mas foi barrada por uma enfermeira. "Você acaba de matar o meu personagem", disse a ela. Morreu na manhã seguinte. Ainda ditou para a amiga Olga: "Eu, eu, se não me falha a memória, morrerei".

A Clarice foi lírica até pra morrer. E foi densa, e forte. Às vezes me pergunto se é mesmo possível viver com tanta intensidade assim... sufocante, asfixiante, que toma conta de cada parte do seu corpo e da sua alma....

Mas se a gente tem essa consciência, essa mesmo de que, na verdade, "na vida estamos todos morrendo"... isso não nos deveria mover para fazermos das nossas vidas momentos que realmente SIGNIFIQUEM?

Pode ser o óbvio mesmo. Às vezes é o óbvio mesmo o mais difícil de se visualizar... e se sentir...
A vida que temos é essa, de hoje. O amanhã, apesar de fazermos nossa parte, não pertence a nós, mas a esferas de imponderáveis.

Eu tô confuso e sei lá o que eu queria dizer, mas... talvez eu só repita mesmo... Repita que hoje é dia de se ter alegria na vida. Que hoje é dia de demonstrarmos nosso amor. Que hoje é dia de sermos sinceros conosco e com os sentimentos que a gente carrega no peito. Que hoje é dia de sinceridade, de fraternidade, de respeito, de amor. Que hoje é dia de brincar com o cachorro, de abraçar aquele amigo, de sufocar de tanto beijo o seu pai. Viver não vai muito além disso. Que a gente não se esqueça disso jamais.